segunda-feira, 14 de julho de 2008

A carta

- Só um milagre para salvá-la...
-Tá bom! Onde compra?


Ainda bem que não se compra minha cara... Na verdade nem sei se isso existe (?) mais.
E hoje foi assim. Ligações assustadas, preocupadas, lágrimas na garganta prestes a sair por algum lugar. A vontade que tinha era correr para te dar um abraço! Chorar junto contigo, mas só tu poderias vê, mais ninguém. Eu não choro, lembras?
Mas acho que foi o meu medo que ganhou. Medo da minha dívida com outra lápide que passam anos e não vou la, e acredite, assim é pior. Sempre achas que a droga do fato não aconteceu e que daqui há uns meses te baterá na porta novamente.
Lembrei daquele que nem conheci, e rebuliço fez na minha vida... Por que não insisti né? Poderia...

E claro, as duas eram branquinhas, com cabelinhos grisalhos, sorrisos singelos que a gente não sabe por que, mas sempre confortava né? E as mentirinhas em épocas de férias...
-Não vó, vou só vê os primos jogarem bola...
Mal ela sabia que estava toda pronta com o meu maiô, tudo articulado... Ia pra maré, e nesse dia, como ainda não sabia nadar quase morro (mas feliz) com a canoa no meio do mar. Chegando em casa, jurei para mim mesma que nunca mais faria isso (aprendi a mentir pra mim mesma).

E quando batia aquela tarde ensolarada, e eu na rua, brincando de queimada e empinando pipa, o céu azul azul, como os olhos dela...da tua, chegava em casa com o suco preparado uma bela tapioca com manteiga do sertão!
A minha ficou por lá, foram quase 10 anos sem vê-la, quase 10 anos assim, vivendo no mundo dela, só dela. Já não me fazia o suco de
maracujá QUE SÓ ELA FAZ IGUAL, fazia igual...
E quando ia na minha casa, brincava comigo de soletrar...a lindinha não tinha os estudos completos, mas sentava no chão comigo, pegava meus livros e me mostrava as letras que formavam seu nome. E bem devagarzinho sussurrava:
N-O-Ê-M-I-A!

Eu me perguntava: "por que a vovó soletra assim baixinho?" E depois ela vinha no meu caderno, e escrevia, com uns garranchinhos! Eu achava lindo, me sentia bem, era a única pessoa que eu sentia mais próxima, afinal, ensaiava meus manuscritos (heheh) e a letra não era das melhores (como ainda não é), e não poderia ouvir dela : "que garrancho Linnesh!" A dela era igual. Lembro ainda hoje do alívio que tive.
Aí a noticia: "nos mudaremos em 15 dias! falarás chiado agora!"
Fiquei feliz, mas não sabia naquela idade o que significava de fato, pensava que todo mês poderia voltar a minha terra Natal e dar um beijo em quem quisesse. Chamar minha amigas na rua e brincar de espíritos no copo... Mas os anos foram passando né?
É... Ao passar dos anos ela não me ouvia mais no telefone, por mais que eu gritasse: "Oi
voziiinha???" E com o passar dos anos ela nem lembrava mais de mim...já tava grandinha, já entendia e não sentia raiva dela. E foi no telefone que recebi sua notícia...
As lágrimas que aqui caem agora, e a renite que começa a perturbar me fazem lembrar do que senti...angústia! Angústia... Uma saudade que jamais matarei... Uma vontade que jamais terei como realizar, dá um beijo na sua testa, segurar as mãos com a pele já seca, e passar a mão no seu rostinho que dormiiiiiia...profundo, seguro, tranqüilo. Isso não se compra... Não tem como comprar, e ainda bem que não, o mundo estaria perdido! Não tem valor!
Acho que isso tudo me cutucou hoje. Mas eu, como sempre, não choro! -A Fria! =)

Espero que teus dias melhorem, fiquem mais azuis daqui por diante, vivestes um processo que é doloroso, mas que poucos podem! Agradece, não sei a quem, mas agradece! E eu te agradeço por me fazer sentir bem ao te fazer bem nesse dia que foi tão escuro para ti. Mas acredite, não senti a mesma dor que a tua, só você sabe, mas chorei contigo, mesmo não estando lá...
Chore! Caia! Ria! Grite! Sofra! Acorda! Viva!

segunda-feira, 7 de julho de 2008


Sinto- me enjoada, tonta

Só quero tirar isso de mim

Não, não é ruim.

Não é feio.

É belo.

Faria sorrir...

Mas não tem como

Estás lá e eu cá.



Já entrastes em contato

Por que não voltas?

Tenho muito a te falar

Das coisas que descobri

Sobre mim,

Com a ajuda de tua pessoa.

Vamos conversar?


sábado, 5 de julho de 2008


Ai! Já chega! Vou dormir!

Corpo dói,

Olhos ardem

Cama chama

Algo não deixa.



"Eu to doidão, tô doidão, bixo eu tô doidão..."

Linnesh aperta a torneira! Linnesh guarda as panelas! Linnesh apaga as lâmpadas! Linnesh coloca um sorvete! Meu bem, me da um beijo! Linnesh desliga a TV! Linnesh vem dormir! Linnesh liga a bomba! (só não a minha) Linnesh... Linnesh! Ahhhhhhhhhhhhhh!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!! "Obrigado por assistir mais uma programação do SBT" -Que se foda! Ai Marcelo...além das saudades, o que é pior...é vontade de estar aonde estás...contigo, a ler meu diário...

sexta-feira, 4 de julho de 2008

Psedónimo B.L.


Depois da noite longa, regada à bebidas e cigarros em geral, o que lhe provocou uma bela dor de cabeça, acordou às 11:00h com o sol e o calor no quarto. Não. não tinha ventilador. Relembrou dos ultimos tempos e e estava cansada de bater sempre na mesma tecla, sem saber em que rima ia dar, ou se ia dar em rima.

Foi tomar banho. Apenas de toalha se olhou no espelho e acendeu mais um cigarro. De olhos fechados soltou a fumaça do primeiro trago. Mas essa fumaça tinha algo de diferente, nela saiu as angústias e a dúvida do que ia fazer. Estava tão acostumada a teimar quase todas as noites com a mesma letra, mas não dava em briga, nunca deu, nunca deu além de frases soltas, legais...mas só frases.

Terminou o cigarro, vestiu um camisetão e foi para sua janela. Na árvore em frente havia um ninho com uma passarinha a esquentar os pequenos passarinhos. Pensou na liberdade dessa passarinha, definitavamente não queria ser uma. Do que adianta poder voar sem limites mas se limitar a voltar todas as vezes para o mesmo ninho?
Sim, ela já havia viajado. Para onde o verde é mais verde e mais belo, onde as cores falam e os pensamentos andam, e nem precisou sair do mesmo lugar, foi a melhor das viajens. Dessa vez se imaginou ao avesso. Depois de tanta fumaça, se percebeu dona de sua propria rima, queria outras letras do alfabeto, não sentia mais medo.

E lá está ela. Com outras letras, mas ainda usando a antiga. E lá está ela, fazendo sua própria rima, se sentindo mais segura, mais dona de seu nariz, e o mais importante: mandando pro lixo todos os versos que ouça, ou leia, que não a agrade, mandando pro lixo qualquer conto que ela não se conte, e com muito vocabulário.

Já não tenho coração para aguentar os sentimentos que a vida traz. Não tenho mais o pulmão para respirar impurezas do dia-a-dia. Não tenho mais forças para transferir o peso de um ponto a outro me fazendo caminhar.

Mas o que me mantém viva? 65 anos se passaram. Minha voz não émais escutada, meus gestos já não são os mesmos e nem esperados como há 36 anos atráz.


As vezes me pergunto em que parte deixei a douçura? Será que a artrite e artrose já a comeram também?

Olho para a fortaleza que construí, com vários braços, pernas, almas e corações. Continuo aqui. Mas os anjos não cantam mais, não há mais o barulho infernal da rádio comunitária a perturbar o dia inteiro. Sinto falta.

Minhas crias...ah minhas crias! Que saudades de vocês!


Talvez por isso eu continue aqui, parada no tempo que eu mesma desativei. Tentem me entender...já não aguentava mais estar sem sentimentos, sem pulmões e pernas para andar.
Sei que os anos não foram dos melhores, mas fiz o máximo de mim...até querer desligar esse relógio.


Vivam! Sintam! Chorem! Sofram!Sorriam! Sempre.


Por que estou por aqui a ser escrava de mim mesma?É o que me mantém viva?

Não! Que tola sou eu. Tinhas razão. Tola!

Agora que já entendo tudo, vagarei por aí a procura da parte de mim que deixei esquecida em algum lugar da minha história, em alguma década, em alguma viajem.


Vivam!Chorem! Riam! Gargalhem! Caiam! Levantem!

Vivam!

Sempre.


Obrigada.

O que fazer?


Já cansada de rodopiar pela casa, ela perguntou pra Deus:


-Meu Deus, como faço para dormir? Estou com insônia...


E ele pragmaticamente respondeu:


-Tentando dormir!

-Quero ir embora!


Pensou a garotinha...

Ela estava na festa de família e nunca pensou que iria sentir isso tão forte. Se percebia uma idiota, pequenino pássaro querendo acertar seus vôos. Mas não, ninguém no seu prórpio ninho percebia todo seu esforço. E nesse jantar, que já não tinha minhocas, apenas algumas lesmas, sentiu-se a mais ridícula, e decidiu não repetir a cena.

A vontade que tem é de arrancar suas proprías penas, que foram ganhas com a maturidade. Sentia-se com vergonha delas...como pode?

Na verdade não queria que tudo acontecesse, tentou mudar, em vão.

Não via a hora de ir embora. E sai encenando mais uma vez. Carinhos nas costas ao se despedir com abraços, e dizendo:


- Estou bem sim! Fique tranquila que me cuidarei. Relaxa que tá tudo bem


Nossa! Poderia ganhar o Oscar!

Mas entrou no carro e voltou ao ninho real.
Ai ai...quando serei dona de minha vida...?
Tudo bem, eu como mais um brigadeiro.

Gosto desse seu jeito

Distraído mas sabendo o que faz

Principalmente nas noites escuras

Comigo debaixo do lençol.




terça-feira, 1 de julho de 2008


Terra! Para onde levastes meu amigo?
Vermes! Onde foram parar aqueles olhos?
Sonhos! Aonde o escondestes?
Momentos! Por que o tirastes?
Tempo! Por que acabastes?
Vida! Por que começastes?
Saudades! Por que viestes?
Amor! Por que permaneces?
Dor! Por que não vais?
Reencontro! Por que não chegas?
Palavras! Por que não acabas?
Lágrimas...por que jorras?
...

Em memória de Marcelo Lacerda.