sexta-feira, 20 de junho de 2008

Strip-Tease


Strip-Tease

Chegou no apartamento dele por volta das seis da tarde e sentia um nervosismo fora do comum. Antes de entrar, pensou mais uma vez no que estava por fazer. Seria sua primeira vez. Já havia roído as unhas de ambas as mãos. Não podia mais voltar atrás. Tocou a campainha e ele, ansioso do outro lado da porta, não levou mais do que dois segundos para atender.

Ele perguntou se ela queria beber alguma coisa, ela não quis. Ele perguntou se ela queria sentar, ela recusou. Ele perguntou o que poderia fazer por ela. A resposta: sem preliminares. Quero que você me escute, simplesmente.
Então ela começou a se despir como nunca havia feito antes.

Primeiro tirou a máscara: "Eu tenho feito de conta que você não me interessa muito, mas não é verdade. Você é a pessoa mais especial que já conheci. Não por ser bonito ou por pensar como eu sobre tantas coisas, mas por algo maior e mais profundo do que aparência e afinidade. Ser correspondida é o que menos me importa no momento: preciso dizer o que sinto".

Então ela desfez-se da arrogância: "Nem sei com que pernas cheguei até sua casa, achei que não teria coragem. Mas agora que estou aqui, preciso que você saiba que cada música que toca é com você que ouço, cada palavra que leio é com você que reparto, cada deslumbramento que tenho é com você que sinto. Você está entranhado no que sou, virou parte da minha história."

Era o pudor sendo desabotoado: "Eu beijo espelhos, abraço almofadas, faço carinho em mim mesma tendo você no pensamento, e mesmo quando as coisas que faço são menos importantes, como ler uma revista ou lavar uma meia, é em sua companhia que estou".

Retirava o medo: "Eu não sou melhor ou pior do que ninguém, sou apenas alguém que está aprendendo a lidar com o amor, sinto que ele existe, sinto que é forte e sinto que é aquilo que todos procuram. Encontrei".

Por fim, a última peça caía, deixando-a nua
"Eu gostaria de viver com você, mas não foi por isso que vim. A intenção é unicamente deixá-lo saber que é amado e deixá-lo pensar a respeito, que amor não é coisa que se retribua de imediato, apenas para ser gentil. Se um dia eu for amada do mesmo modo por você, me avise que eu volto, e a gente recomeça de onde parou, paramos aqui".

E saiu do apartamento sentindo-se mais mulher do que nunca.



Marta Medeiros.

quinta-feira, 19 de junho de 2008

Ai se sesse...

Se um dia nois se gostasse
Se um dia nois se queresse
Se nois dois se empareasse
Se juntim nois dois vivesse
Se juntim nois dois morasse
Se juntim nois dois drumisse
Se juntim nois dois morresse
Se pro céu nois assubisse
Mas porém acontecesse de São Pedro não abrisse
a porta do céu e fosse te dizer qualquer tulice
E se eu me arriminasse
E tu cum eu insistisse pra que eu me arresolvesse
E a minha faca puxasse
E o bucho do céu furasse
Tarvês que nois dois ficasse
Tarvês que nois dois caisse
E o céu furado arriasse e as virgi toda fugisse

Tentei, fui e consegui!

Passou, mas relembrar tudo que ouvi dele foi realmente inevitável! Égua, eu tava sempre lá, e mesmo quando tudo caminhava em direção ao erro: "não! vc ainda não tentou! vai lá!", e no final ouvir que um esforço de 4anos não valeria de nada. Nossa!

Mas eu tentei, fui e consegui! Covardia nunca foi um forte meu, tampouco ficar a mercê da inércia. Ainda queria entender como tudo aquilo foi acontecer, mas uma conversa com explicações não mudaria em nada a dor. Mesmo por que eu não saberia explicar e nem o que fazer com possíveis explicações.

Deixa assim...na medida da cachaça eu vou andando muito bem! E feliz pela recompensa de 4 looooooooongos anos!


...eu só errei quando juntei minh’alma a tua

O sol não pode viver perto da lua!” (Flor e Espinho, Paulinho Moska)

quarta-feira, 18 de junho de 2008

Ai, menina....


Menina amanhã de manhã quando a gente acordar quero te dizer que a felicidade vai desabar sobre os homens...


Menina, ela mete medo! Menina ela fecha a roda! Menina não tem saída: de cima, de banda ou de lado!

Menina olhe pra frente! Menina, todo cuidado! Não queira dormir no ponto! Segure o jogo, atenção de manhã!

[...]

Passatempo


E chovia na cidade de Belém. O que é bem natural na terra onde vive.
Estava atrasada, palestra importante para dar.
Resolve fumar um cigarro, joga conversas fora, junto com desabafos de uma amiga.

Tem que ir embora, reclama da chuva, e ela passa.
Mais a frente, encontra um Doctor da sua vida.
Abraços e beijinhos e carinhos... mas com fim... tem que ir ao banheiro, e vai.

Ao sair, não o vê mais...seu pedido de espera foi em vão? Resolve seguir em frente.
Estava atrasada.

Logo toca o celular, era o Doctor...
-Onde estás?
-Estou aqui na frente te esperando...
Volta para reencontrá-lo.
Mais abraços saudosos e brincadeiras infantis de seus tempos.

Aguniada por causa do tempo, reclamando por causa dos contratempos...

E em frações de segundos se depara com a figura, passa rápido. Um "Oi" e só.

Tudo bem, não há nada, mas é interessante.

É estranho, mas é interessante.
Segue em frente, se despediu.

Algo faz olhar para traz...

Surpresa!

Na verdade não queria fumar, so andar mais um pouco.
Estava atrasada, mas sorria ao tragar o cigarro.

Coisas estranhas.
Nada parecido com o que parece.
Coisas estranhas.

terça-feira, 17 de junho de 2008



Achei outra pétala para a minha flôr
De diferente tamanho
De diferente cor
De diferente textura
Diferente.
E como boas pétalas hermanas
Choramos o mesmo orvalho
Sentimos os mesmos espinhos
E como boa flôr
Sorrimos a cada sol
Morremos a cada perda
Por irmos em outros caminhos.